Petróleo do Amazonas é refinado em São Paulo, denuncia Federação dos Petroleiros e diz que Refinaria de Manaus, privatizada, virou terminal logístico
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(Brasília-DF, 25/08/2025). Nesta segunda-feira, 25, a Federação Única dos Petroleiros, destacou que o petróleo do Amazonas é refinado em São Paulo, e e Refinaria de Manaus, privatizada, virou terminal logístico
A Refinaria de Manaus (Ream), privatizada em dezembro de 2022 e hoje controlada pelo Grupo Atem, deixou de refinar o petróleo extraído em Urucu (AM). Atualmente, todo o petróleo produzido na região é transportado por balsas até São Sebastião (SP), em uma viagem que dura de 14 a 16 dias, para ser refinado na unidade paulista da Petrobrás.
O Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas (Sindipetro-AM), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), protocolou no dia 18 de junho uma denúncia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para apuração de irregularidades graves na operação da Ream, apontando que a unidade vem sendo deliberadamente descaracterizada como refinaria, em descumprimento aos termos e compromissos assumidos no processo de privatização da antiga Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em dezembro de 2022.
Na mesma ocasião, o Ministério de Minas e Energia (MME) enviou ofícios ao Cade pedindo providências contra práticas anticoncorrenciais nos mercados de diesel, gasolina e GLP, destacando que os consumidores da Região Norte pagam hoje os preços mais altos do país. O ministério apontou que a Ream pratica valores acima dos das demais fornecedoras e do Preço de Paridade de Importação (PPI), além de registrar a interrupção das operações de refino desde o primeiro semestre de 2024, quando a unidade passou a atuar apenas como terminal.
Os números mostram o atual colapso da produção local, após a privatização, dia a FUP:
2020 a 2022 – a refinaria de Manaus produzia, em média, 40 mil barris/dia;
2023 – primeira queda expressiva, com produção abaixo de 30 mil barris/dia;
2024 – a produção despencou para menos de 10 mil barris/dia;
2025 – ciclo de refino encerrado: desde fevereiro, não há qualquer pedido da Ream para receber petróleo de Urucu.
“O resultado é que a única refinaria da Região Norte não refina mais nenhum litro de petróleo, enquanto os combustíveis no Amazonas permanecem entre os mais caros do Brasil, chegando a custar até 10% acima da média nacional. A situação ameaça a viabilidade da base de Urucu, aumenta custos logísticos para a Petrobrás e penaliza diretamente os consumidores da região, que pagam mais caro por gasolina e gás de cozinha apesar de viverem em um estado produtor de petróleo”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Após reunião dos petroleiros com o Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e representantes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a agência realizou fiscalizações nos dias 24 e 26 de junho, que resultaram em dois autos de infração e na elaboração de um relatório de auditoria, ainda não disponibilizado.
A ANP informou que, após a conclusão do documento, poderá adotar novas medidas. Já no CADE, as denúncias seguem sob sigilo e, até o momento, não houve qualquer comunicação oficial. No MME, também não houve resposta ao ofício encaminhado, que solicitava acesso a documentos enviados ao CADE e a realização de reunião específica sobre o tema. A solicitação será reiterada, dada a relevância do assunto.
( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)