31 de julho de 2025
ENERGIA

Ibama autoriza Licença de Operação (LO) da Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista; Roraima, até então, era o único estado do país a depender exclusivamente de usinas termelétricas

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Por Política Real com assessoria
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Linha Manaus Boa vista. Foto: site do IBAMA

(Brasília-DF, 05/09/2025).  Nesta sexta-feira, 05, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a Licença de Operação (LO) da Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista, empreendimento que conecta o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Roraima, até então, era o único estado do país a depender exclusivamente de usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis para garantir o abastecimento de energia.

Com 721 km de extensão, o projeto representa um marco histórico para a segurança energética nacional e para o desenvolvimento sustentável da região, reduzindo custos e impactos ambientais relacionados ao uso de termelétricas. Os primeiros testes de carga devem ocorrer ainda neste mês.

Diferença

Um dos principais diferenciais do processo de licenciamento conduzido pelo Ibama foi a participação direta da comunidade Waimiri Atroari (Kinja). O povo indígena acompanhou todas as etapas, da concepção às medidas socioambientais adotadas na execução da obra.

Atendendo a solicitações da comunidade, o traçado da linha foi mantido o mais próximo possível da BR-174, o que reduziu a abertura de novos acessos e minimizou a supressão de vegetação. Também a pedido dos indígenas, as praças das torres foram construídas em áreas menores, e tecnologias como o içamento de cabos por drones foram implementadas para reduzir o impacto sobre a floresta.

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O processo de instalação foi acompanhado de perto pelo Ibama, que realizou cinco vistorias técnicas entre 2023 e 2025. Nessas inspeções, foram fiscalizados desde o resgate de fauna até a proteção de cavernas naturais encontradas no trajeto. O Instituto também determinou alterações na localização de torres e acessos para proteger áreas ambientalmente sensíveis.

Além disso, foram estabelecidas condicionantes que incluem cerca de R$ 13 milhões em compensações ambientais, destinadas a unidades de conservação federais, estaduais e municipais da Amazônia.

O licenciamento também resultou em avanços para a ciência. Entre os programas exigidos pelo Ibama está o monitoramento da avifauna em Roraima e o estudo populacional do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), espécie ameaçada de extinção. Durante o levantamento, pesquisadores registraram pela primeira vez um grupo híbrido de sauins, resultado da interação entre diferentes espécies.

A concessão da Licença de Operação encerra um processo de mais de 14 anos desde o leilão do empreendimento, marcado por discussões, análises e negociações. Para a equipe técnica do Ibama, o projeto alia relevância estratégica e inovação socioambiental, demonstrando que é possível conciliar desenvolvimento e proteção ambiental.

“Esse é um exemplo de como o licenciamento ambiental conduzido pelo Ibama garante que empreendimentos de grande impacto avancem com responsabilidade, respeitando povos tradicionais e protegendo a biodiversidade da Amazônia”, destacou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

( da redação com informações e textos de assessoria. Edição: Política Real)