Centro Cultural do Banco da Amazônia, já por conta da COP30, lança mostra “Habitar a Floresta”
Centro Cultural Banco da Amazônia apresenta, de 30 de outubro a 30 de dezembro de 2025
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(Brasília-DF, 27/10/2025) Faltando semanas para o maior evento que a Amazônia já recebeu, o evento do clima das Nações Unidas(ONU), a COP30, o Banco da Amazônia através do seu Centro Cultural Banco da Amazônia apresenta a mostra “Habitar a Floresta”, uma imersão na arquitetura sustentável, a partir de 30 de outubro, em Belém
O Centro Cultural Banco da Amazônia apresenta, de 30 de outubro a 30 de dezembro de 2025, a exposição “Habitar a Floresta”, com curadoria dos arquitetos Marcelo Rosenbaum e Fernando Serapião.
A mostra reúne 13 projetos arquitetônicos realizados em colaboração com povos originários, comunidades ribeirinhas e quilombolas na Amazônia brasileira e de outros territórios latino-americanos, como Peru e Equador.
A exposição é patrocinada pelo Banco da Amazônia e pelo Governo Federal e integra a programação oficial da COP30 – a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
“‘Habitar a Floresta’ apresenta um panorama de construções notáveis na Amazônia e em outras regiões de floresta tropical, cuja característica comum é colaborar para a manutenção da biodiversidade, em harmonia com as comunidades locais”, informou o arquiteto e curador Marcelo Serapião.
“Outro ponto de união entre as obras é o uso de materiais sustentáveis e a cocriação dos projetos, desenvolvidos em processos participativos e oficinas comunitárias”, destacou.
Com projeto expográfico inovador, que utiliza materiais e tecnologias sustentáveis, a exposição apresenta aos visitantes – por meio de painéis de texto, vídeos, desenhos, fotografias e maquetes – projetos arquitetônicos que evidenciam o diálogo com os saberes tradicionais, valorizando a sociobiodiversidade e propondo novas formas de habitar a floresta.
Cada painel evidencia as características e o processo de idealização, escuta e execução dos projetos. O propósito é realizar um letramento dos saberes ancestrais e da resiliência dessa forma de viver e construir na floresta para todos os visitantes. Com a participação dos turistas e das delegações da COP30, essa mensagem será difundida ao mundo inteiro – que o ato de construir pode ser também um gesto de reconexão entre o humano e a floresta.
Dois projetos foram desenvolvidos no Pará: o Centro Experimental Floresta Ativa, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, na região de Santarém; e Carpinteiros da Amazônia, na ilha do Murutucu, em Belém.A exposição ainda terá a exibição de quatro vídeos sobre a relação entre arquitetura, cultura e meio ambiente: “Terra Preta”, do SescTV Acervo Sesc São Paulo; “Aldeia Sagrada Yawanawa”, da Mira Filmes; “Construindo na Floresta”, do Acervo Rosenbaum; e “Carpinteiros da Amazônia”, do Acervo Guá Arquitetura. “Habitar a Floresta” abre a Galeria 2 do Centro Cultural Banco da Amazônia.
Para atender todos os públicos, serão disponibilizados vídeos em libras e caderno em braile com os textos da exposição.
O Centro Cultural
Inaugurado neste mês de outubro com a exposição "Mandela, Ícone Mundial de Reconciliação", o Centro Cultural Banco da Amazônia é o primeiro equipamento cultural da região amazônica vinculado a uma instituição financeira de economia mista do Governo Federal. São quatro mil metros quadrados adaptados para o funcionamento de três galerias, biblioteca, minilab de inteligência artificial, seis salas de oficina, restaurante e café.
Com um investimento de R$ 30 milhões de reais, o Centro Cultural Banco da Amazônia nasce como um dos mais bem equipados espaços para a divulgação da produção artística da Amazônia e do Brasil, assinalou o presidente Luiz Lessa.
“A cultura da região amazônica é muito forte e precisa ser conhecida no mundo inteiro. O Centro Cultural coloca Belém na rota do turismo internacional”, afirmou.
Saber indígena e técnica moderna reunidos
A exposição “Habitar a Floresta” combina o conhecimento tradicional com o que há de mais moderno nas técnicas de arquitetura. Entre os projetos destacados na mostra está a sede do Instituto Socioambiental, da Brasil Arquitetura, em São Gabriel da Cachoeira (AM), um marco pioneiro no diálogo entre o saber indígena e a técnica moderna. Construída às margens do Rio Negro, a obra combina uma estrutura racionalista em concreto e alvenaria com uma cobertura monumental de piaçava, inspirada nas antigas malocas da região. Para reconstruir essa técnica ancestral — perdida devido à colonização missionária —, os arquitetos convocaram mestres da etnia Koripako, que retomaram o conhecimento tradicional de trançar e amarrar o telhado com cipós, resgatando um modo de fazer quase extinto.
Outra obra da mostra é o Centro Experimental Floresta Ativa, assinado pela arquiteta Cris Xavier, implantado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (PA). Composto por onze edificações erguidas por moradores treinados em oficinas de capacitação, o conjunto abriga dormitórios, auditório, escritório e espaços de convivência. Sustentado por uma lógica pedagógica, o projeto integra práticas construtivas tradicionais com soluções de sustentabilidade, como energia solar,captação e reaproveitamento de águas cinzas e uso de galhos reaproveitados de madeira local. A arquitetura funciona como laboratório vivo de aprendizagem e autonomia comunitária.
No Equador, o coletivo Al Borde + Taller General transformou um pavilhão de exposição em um Refeitório Comunitário em Guadurnal, erguido sobre pilotis para evitar inundações. O espaço serve de refeitório escolar, sala de aula e centro de convivência, combinando simplicidade construtiva e inventividade. A comunidade participou ativamente do processo de decisão e execução, transformando o edifício em símbolo da reconstrução local após o terremoto de 2016 — um marco coletivo que reforçou o sentido de pertencimento e superação.
No Peru, a associação Semillas para el Desarrollo Sostenible criou a Escola Primária de Alto Anapati, dentro de uma comunidade nativa Nomatsigenga. O projeto nasceu de oficinas participativas com professores e famílias, resultando em uma arquitetura que dissolve os limites entre dentro e fora. As salas de aula se abrem para a floresta, e os materiais — madeira, barro e pedra de rio — foram obtidos localmente. A escola é entendida como o coração da comunidade: espaço físico e simbólico de transmissão do conhecimento e de fortalecimento cultural.
No Maranhão, o Estudio Flume projetou o Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu, em Vitória do Mearim. Construído com blocos de terra comprimida e madeira local, o edifício abriga o beneficiamento do babaçu e se organiza em torno de pátios sombreados, espaços de convivência e oficinas. Desenvolvido com as mais de 40 mulheres que formam o coletivo de quebradeiras, o projeto incorpora técnicas de bioconstrução, captação de água da chuva e tratamento natural de efluentes — promovendo autonomia, sustentabilidade e fortalecimento das redes femininas locais.
A Aldeia Sagrada dos Yawanawás, da Rosenbaum Arquitetura e Design, situada em Tarauacá (AC), também merece destaque. É um complexo de edificações de madeira concebido e construído pelos próprios indígenas. O projeto abriga o Pavilhão Y, com redes para 250 pessoas; o Shuhu, espaço circular para cerimônias; e a Casa Modelo, que experimenta novos modos de morar na floresta. Desenvolvido a convite do cacique Biraci Brasil Yawanawá e da líder espiritual Putanny Yawanawá, o conjunto serviu de sede à Conferência Mundial da Ayahuasca (2025) e será transformado na Universidade dos Saberes Ancestrais Yawanawá, reafirmando o poder do território como espaço de resistência e espiritualidade.
( da redação com informações e textos de assessoria. Edição: Política Real)