31 de julho de 2025
COP30

PRÉ-COP30: Petrobras disse que vai fornecer Diesel S10 com 10% de Conteúdo Renovável – R10, em reação, Frente Parlamentar do Biodiesel fala em indignação pois a Petrobras deveria ofertar um verdadeiro biodiesel

Veja mais

Por Politica Real com agências
Publicado em
Petrobras questionada sobre o biodiesel, Foto: Arquivo da Política Real

( Brasília-DF, 06/11/2025). Ainda na terça-feira, 4, a Petrobras informou que durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a companhia irá cooperar com o aporte de diesel com conteúdo renovável para transporte rodoviário e geração de energia.  A Petrobras aportará Diesel S10 com 10% de Conteúdo Renovável – R10 para uso na frota de ônibus dedicada e nos geradores de energia elétrica a serem utilizados no evento, de acordo com a necessidade operacional.

“A COP 30 é uma oportunidade significativa para atualizar a agenda global em relação às discussões e iniciativas de enfrentamento dos desafios que a emergência climática nos impõem. Ao sediar a conferência, o Brasil desempenha um papel crucial na promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo, podendo colaborar de forma efetiva com ações para o enfrentamento das mudanças climáticas. A Petrobras se insere nesse esforço global, compartilha suas preocupações e quer ser parte das soluções para o sucesso do encontro”, afirma a diretora de Transição Energética e Sustentabilidade, Angélica Laureano.

Nesta quinta-feira, 6, a Frente Parlamentar do Biodiesel divulgou uma nota manifestando “profunda preocupação e indignação com a decisão de utilizar, como vitrine da transição energética na COP30, um combustível comprovadamente fóssil, segundo as especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que é o diesel coprocessado com óleo vegetal.”.

FPBio diz que chamado “diesel R” ou HBIO é produzido a partir do petróleo, com adição de fração renovável por meio de coprocessamento.

Eles fazem dura crítica afirmando que  “diferentemente do biodiesel, esse produto não é renovável por definição legal, não é rastreável, não tem especificação própria reconhecida como biocombustível pela ANP, e não foi abarcado pela Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.842/2024).”

Veja a íntegra da nota:

NOTA COP30 | Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio)*

*PROMOÇÃO DE DIESEL FÓSSIL, PELA PETROBRAS, NA COP30*

A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel vem a público manifestar sua profunda preocupação e indignação com a decisão de utilizar, como vitrine da transição energética na COP30, um combustível comprovadamente fóssil, segundo as especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que é o diesel coprocessado com óleo vegetal. A própria patente, que é detida pela Petrobras, caracteriza o produto como diesel, pois a presença mínima de conteúdo renovável não é suficiente para descaracterizar o produto como fóssil.

O chamado “diesel R” ou HBIO é produzido a partir do petróleo, com adição de fração renovável por meio de coprocessamento. Diferentemente do biodiesel, esse produto não é renovável por definição legal, não é rastreável, não tem especificação própria reconhecida como biocombustível pela ANP, e não foi abarcado pela Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.842/2024). Ainda assim, a estatal tem insistido em classificá-lo como tal para efeitos comerciais, podendo até ser caracterizado como um caso de “Greenwashing”, o que pode afetar a imagem do Brasil como protagonista de transição energética às vésperas da principal conferência climática do planeta.

Essa escolha desconsidera completamente os esforços e as propostas técnicas apresentadas pelo setor de biocombustíveis, que ofereceu soluções concretas para abastecimento da frota da COP30 com B25 (mistura com 25% de biodiesel) e o uso de B100 (100% biodiesel) nos geradores. Todos os testes operacionais já demonstraram que a aplicação é viável, segura e ambientalmente muito mais vantajosa, além de socialmente comprometida com a agricultura familiar, que responde por grande parte da matéria-prima do biodiesel nacional, envolvendo 300 mil agricultores familiares.

Mais grave ainda é a contradição que se impõe ao se adotar uma solução fóssil disfarçada de verde em um evento que deveria ser símbolo da descarbonização mundial. A COP30 vai gerar pelo menos 300 toneladas de CO₂ apenas com o uso de geradores e climatização, número que pode chegar a 3.000 toneladas caso o diesel fóssil seja priorizado. Tudo isso, enquanto desprestigia o combustível limpo, renovável, regulado e 100% nacional.

Diante disso, a Frente Parlamentar do Biodiesel reitera:

1. O coprocessado da Petrobras não é biocombustível, não cumpre os critérios legais, técnicos e ambientais exigidos para essa classificação.

2. Sua promoção na COP30 distorce o debate público, sabota os avanços e desconsidera as decisões do legislativo recentemente e representa grave retrocesso institucional para a política de descarbonização do Brasil.

3. A escolha pela exclusão do biodiesel na COP30 não é técnica, nem ambiental, é política e mercadológica, e visa abrir caminho para a imposição de um produto que o Congresso Nacional já rejeitou como solução energética.

4. O Brasil tem um setor de biodiesel pronto, com capacidade ociosa, escala, rastreabilidade, impacto socioeconômico positivo e alinhado com os compromissos de redução de emissões — e que está sendo sistematicamente ignorado por decisões orientadas por interesses monopolistas.

5. O combustível da Petrobras não é e nem pode ser caracterizado como biocombustível ou sustentável.

Não aceitaremos que a transição energética seja capturada por falsas soluções e narrativas comprometidas. É inaceitável que o Brasil mostre ao mundo um teatro verde enquanto esconde, nos bastidores, a persistência de uma orientação fóssil disfarçada.

A posição de patrocinadora da COP30 feita pela Petrobras não pode servir de moeda de troca para poluir e se beneficiar de propaganda de um produto que, como os demais fósseis, traz prejuízos à saúde pública e mais emissão de GEE.

Seguiremos lutando por uma política energética coerente, justa e realmente sustentável. O biodiesel é parte da solução e não será posto em segundo plano.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real )